A poda celestial

“… e todo [ramo] que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda” (Jo 15.2)

Quando uma árvore é podada, num primeiro momento pode parecer uma ação antinatural, até mesmo agressiva e destrutiva, e tem-se a impressão de que ela não sobreviverá. No entanto, a poda é necessária para favorecer o crescimento saudável de novos galhos e ramos. No caso das árvores frutíferas, ela é realizada para melhorar a qualidade, e não a quantidade, dos frutos.

E assim como o agricultor faz com as plantas e árvores, nosso Pai celestial também realiza uma “poda” em seus filhos. Ela é necessária para que todos os ramos da autossuficiência, da incredulidade, da desobediência, do orgulho, da altivez, da soberba sejam extirpados e o fruto do Espírito seja produzido (Gl 5.22). Como disse Calvino, “nossa carne está saturada de vícios supérfluos e destrutivos e é por demais fértil em produzi-los, e porque eles crescem e se multiplicam sem fim, se não formos limpos ou podados pela mão de Deus”.

Então, da mesma maneira que na natureza, em princípio a poda em nós pode parecer desagradável, dolorida e motivo de tristeza, mas Deus a realiza “para o nosso bem, para que participemos da sua santidade” (Hb 12.10), e “mais tarde produz fruto de justiça e paz” (Hb 12.11). Todos aqueles que estão arraigados na videira verdadeira e dando fruto passarão pela poda. Se quisermos dar muito fruto para a glória de Deus, não há como escapar dela.

E o meio pelo qual somos podados é a Palavra. Ela é o instrumento de poda, é a podadeira de Deus. “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). A Palavra nos confronta, nos adverte, nos disciplina, nos molda. Ela é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (Sl 119.105). “Vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente. Pois toda a humanidade é como a relva, e toda a sua glória, como a flor da relva; a relva murcha e cai a sua flor, mas a palavra do Senhor permanece para sempre” (1 Pe 1. 23-25).

Se você estiver passando pela poda celestial, não murmure, não questione, não resista… Apenas se renda ao Senhor; confie nele, e ele tudo fará. Se agir assim, sem dúvida o fruto será abundante e Deus será glorificado.

Como filhos de Deus, temos de desejar, e não rejeitar, ser podados para que sejamos “cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Fp 1.11).

Paulo Oliveira